Pesquisar este blog

domingo, 24 de julho de 2011

OS QUATRO HERÓIS

história dos irmãos Grümm

O burro  estava  pastando  no  quintal  de sua casa,   quando escutou  o  dono  falando  para  a  mulher:
-  Olha  mulher,  nosso  burro  já  está  muito  velho, já não serve mais para nada,  acho  melhor  matá-lo.
O  burro  ficou  muito  triste, ele que havia trabalhado a vida toda, agora só porque estava velho... 
Mas  o  burro  que  era  muito  menos  burro  do  que  parecia,  na  manhã  seguinte, antes do sol nascer,  abriu  a  porteira  e  fugiu.
Ele  andou,  andou,  andou  muito,  até  que  num  pedaço  da  estrada  ele escutou  assim:
-  Auuuuu!  Auuuuu!
-  Olá  amigo  cachorro,  mas  que  tristeza  é  essa?
-  O amigo  não  pode  imaginar,  só  porque  estou  muito  velho  e  não  sirvo  mais  para  caçar,  meu  patrão  resolveu  me  matar,  Auuuuu!  Auuuuuuuuuuu!
-  Oh,  amigo  cachorro,  não  seja  tolo,  faça  como  eu,  fuja!  Monta aí nas minhas costas e vamos correr mundo.
E  o  cachorro  montou  nas  costas  do  burro  e  seguiram  os  dois  pela  estrada afora. E  eles  andaram,  andaram,  andaram muito,  até  que  em  um  pedaço  da  estrada  eles  escutaram  assim:
-  Miauuu! Miauuu!  Miauuu!
-  Olá  amigo  gato,  mas  que  tristeza  é  essa?
-  Os  amigos  não  podem  imaginar,  só  porque  estou  muito  velho  e  não  sirvo mais para caçar   camundongos, meu  patrão  resolveu me  afogar no poço!
- Ora amigo gato, não seja tolo, fuja!  Suba nas costas do amigo cachorro, quem carrega um, carrega dois!
E  o  gato  montou  nas  costas  do  cachorro  e  os  três seguiram pela  estrada  afora.
E  eles  andaram,  andaram,  andaram muito, até  que  num  pedaço  da  estrada  eles  escutaram  assim:
- Cocorocó!  Cocorocó!
-  Olá  amigo  galo,  mas  que  tristeza  é  essa?
-  Os  amigos  não  podem  imaginar,  só  porque  estou  muito  velho e não sirvo mais para cantar,  meu  patrão  resolveu  me  matar!
-  Ora  amigo  galo  não  seja  tolo  faça  como  eu, o  nosso  amigo  cachorro, e o  nosso  amigo  gato, fuja!  Vamos  correr  mundo. Monta aí nas costas do nosso amigo gato.
E  o  galo  montou  nas  costas  do  gato  e  lá  se  foram  pela  estrada  afora:  o  cachorro  nas  costa  do  burro,  o  gato  nas  costas  do  cachorro  e  o  galo  nas  costa  do  gato.
E  eles  andaram,  andaram,  andaram muito,  até  que  num  pedaço  da  estrada,  o  galo  gritou:
-  Cocorocó!  Cocorrcó!  Estou  vendo  uma  casa  com  a  chaminé  acesa  lá  no  meio  da  floresta!
-  Miauuu! Estou  sentindo  cheiro  de  comida!
- Auu!  Então  vamos  para  lá.
E  o  burro  se  pôs  a  caminho. E  eles  andaram,  andaram,  andaram  muito, até  que  chegaram a uma  casa  cheia  de  janelas.  Todas  trancadas.  Eles  queriam pedir um  pouco  de  comida  e arranjar um  lugar  para  passar  a  noite, e não sabiam como fazer.
O  gato  gritou:
-  Tive  uma  idéia!  Talvez  se    fizermos  uma  serenata, os  donos da casa  gostem  da  nossa  música,  e  nos  mandem  entrar  nos  dando  comida  e  agasalho.
E  eles  começaram  a  cantar  assim:
     - SÓ  PORQUE  NÃO  VOU  À  FEIRA,  MEU  PATRÃO  QUER  ME  MATAR.
      - E  O  MEU  DO  MESMO  MODO,  SÓ  PORQUE  NÃO  VOU  CAÇAR.
      - CAMUNDONGO  AGORA  É  MATO,  MEU  PATRÃO  QUER  ME  AFOGAR          
- E  SE  EU  NÃO  ANDO  BEM  LIGEIRO  NA  PANELA  EU  VOU  PARAR.

- PUM!
- AU!
- MIAU!
- COCOROCÓÓÓCO!

 Mal terminaram a música, os  donos  da  casa  saíram  espavoridos  pelas portas e pelas janelas. Os  amigos  ficaram  muito  tristes e o  galo  falou  assim:
- Está  vendo,  a  nossa  música  foi  tão  ruim  que  espantou  os  moradores  da  casa,  agora  como  vamos  fazer?
O  gato  gritou:
-  Tive  uma  idéia!  Já  que  a  comida  está  quente,  não  podemos  deixar  que  ela  esfrie.  Vamos  entrar  e  comer.
Os  quatros  amigos  entraram,  comeram,  comeram  muito  e  foram  andar  pela  casa.  Era  uma  casa    enorme,  cheia  de  quartos  e  salas,  e foi em um grande salão que encontraram uma  mesa  deste  tamanho,  e  em  cima  da  mesa    ouro,  esmeraldas,  pedras  preciosas.  Quanta  riqueza!
Os  quatro  amigos  resolveram  passar  a  noite  naquela  casa  para,  na  manhã  seguinte,  decidirem  o  que  fazer.
 O  burro  deitou-se  no  quintal,  encostado  no  muro;  o  cachorro  deitou-se  atrás  da  porta  da  cozinha;  o  gato  dormiu  em cima  do  fogão a lenha,  perto  das  brasas; e  o  galo  encarapitou-se  lá  no  alto  do  corrimão  da  escada.
Enquanto isso,  lá  no  acampamento, o  chefe  dos  bandidos... 
(aqueles  homens  que  estavam  naquela casa  eram  uma  quadrilha  de  ladrões  que  saqueavam  cidades e escondiam todo o produto do roubo ali naquela casa da floresta), ...chamou  dois  deles  para  que  fossem  lá  na  casa  da  floresta,  para  ver  o  que  estava  acontecendo.
Os  dois  bandidos  chegaram  assustados,  a  casa  estava  toda  apagada  e  em  silêncio.  Resolveram  entrar  pelo  quintal,  pulando  o  muro.  Um  deles  pisou  no  rabo  do  burro  que  lhe deu  um  coice  na  cabeça;  o  outro  correu  para  a  porta  da  cozinha  e  pisou  no  rabo  do  cachorro  que  lhe deu  uma  mordida  na  perna;  o  outro  correu  para  acender  o  fósforo  na  brasa  do  fogão,  encostou  o  palito  no  olho  do  bichano,  pensando  ser  uma  brasa  acesa, e  este  lhe arranhou  a  cara;  e  o  galo  pôs-se  a  gritar:
- Cocorocó!
Os dois ladrões foram correndo contar para o chefe:
- Chefe, a casa da floresta está mal-assombrada, imagine o senhor, quando eu pulei o muro do quintal, um gigante enorme me deu uma paulada na cabeça.
- O pior chefe, é que quando eu entrei pela porta da cozinha um monstro me mordeu a perna.
- Mas o pior mesmo chefe, é que quando eu fui acender o fósforo na brasa do fogão, um dragão enorme me arranhou a cara.
- Mas o mais terrível é que, durante todo o tempo, uma bruxa gritava lá do alto da escada: “Traga esse bandido aqui! Traga esse bandido aqui!”.
- Se é assim - falou o chefe - vamos para bem longe daqui.
           Na manhã seguinte, os quatro amigos levantaram, lavaram o rosto, tomaram café, escovaram os dentes e...
Alguns dizem que eles ficaram vivendo ali naquela casa para o resto de suas vidas... Outros dizem que não, que eles continuaram a viagem pela estrada afora, e que ia:
O cachorro nas costas do burro;
O gato nas costas do cachorro;
E o galo nas costas do gato.              
  

     FIM

POEMAS INSPIRADOS NO I CHING (sabedoria chinesa)


WU WANG
 Quando a força do trovão ressoa nos céus
É sinal de que uma nova vida desperta.
Imbuída neste estágio precoce
Das leis naturais do universo,
Faz com que o momento seguinte seja inesperado
Tudo pode acontecer.
 Santa Luzia, 7/9/2004
Poema inspirado no I Ching
Hexagrama 25
Reinício

CHIEN
À frente águas perigosas
Atrás escarpadas montanhas
Obstáculos por todos os lados
Que impedem o avanço
O momento é de deter-se
Calar e ouvir.
 Santa Luzia, 8/9/2004
Poema inspirado no I Ching
Hexagrama 39
Obstáculos
K’AN
  
 A água flui sempre para a frente
Rumo ao seu objetivo final
Levando vida por onde passa
Obstáculos não a impede
Mantém sempre 
A sua natureza essencial.
  
Santa Luzia, 19/10/2004
Poema inspirado no I Ching
Hexagrama 29
Superando problemas
HSIAO KUO
Atenção, muita atenção aos pormenores
Aos detalhes mínimos e aos mínimos detalhes
Com tranquilidade e humildade
sendo eficiente e modesto
sem ostentações.

É preciso pesar os perigos
de ir além de nossas capacidades
Contudo trabalhando sempre
Com o máximo de nosso poder.
Santa Luzia, 07/03/2010
Poema inspirado no I Ching
Hexagrama 62
Atenção aos pormenores 

sábado, 23 de julho de 2011

RESILIÊNCIA

Setembro/2009

A arte de manter-se calmo ainda que sob pressão
mediando os impulsos e as emoções
para poder identificar com precisão as causas dos problemas
e das adversidades
lendo os estados emocionais e psicológicos dos que nos rodeiam
para podermos ser eficazes em nossas ações
sempre conectados a outras pessoas
viabilizando soluções para as intempéries da vida.

após deformados
pelos cataclismos
voltarmos ao nosso estado original
elasticamente.

ANGÚSTIA

maio/2007

Já comi
Já bebi
Já fumei
Já me masturbei
E continuo com um vazio imenso
dentro de mim.
Dormir não posso.

SEM TÍTULO


março/2005 - outubro/2006

Se eu morresse agora
Eu não ia saber que morri
Não ia saber o que
Cada um pensava de mim
Depois da minha morte
Quando refletissem sobre mim
Não ia assistir ao meu velório
E nem ao meu enterro
Eu ia parar aqui
Sem nem saber que parei aqui
E que teve um antes daqui.
Não mais esperanças,
Não mais dívidas,
Não mais dúvidas,
Não mais certezas,
Não mais amigos,
Não mais inimigos,
Não mais tristezas,
Não mais alegrias,
Não mais dor.
Não mais memória.
Nada.
Apenas ficou na memória de alguns por um tempo
E de outros que dele ouviram falar por um outro
certo tempo.
Até o esquecimento de outros também esquecidos.
O nada.
O mais completo nada.
Talvez reste uma fotografia.

WU WANG[1]


Quando a força do trovão ressoa nos céus
É sinal de que uma nova vida desperta.
Imbuída neste estágio precoce
Das leis naturais do universo,
Faz com que o momento seguinte seja inesperado
Tudo pode acontecer.
 Santa Luzia, 7/9/2004
Poema inspirado no I Ching
Hexagrama 25

[1] Reinício

METALINGUAGEM

maio/2004

Personagem 1 
MORA NO BAIRRO MAIS CARO DA CIDADE, EM UMA MANSÃO QUE OCUPA UM QUARTEIRÃO
TEM O CARRO DO ANO
VESTE ROUPAS DE GRIF
O TÚMULO DE SUA FAMÍLIA É POMPOSO, TODO COBERTO DE MÁRMORE
 Personagem 2 
MORA NA FAVELA, EM UM BARRACO DE MADEIRA E LATA CATADOS NO LIXO
TEM UMA BICICLETA VELHA
VESTE ROUPAS DE SEGUNDA MÃO
SEUS ANTEPASSADOS FORAM ENTERRADOS NO CHÃO 
Personagem 3 
MORA EM UMA CASA SIMPLES EM UM BAIRRO OPERÁRIO
TEM UM CARRO VELHO REFORMADO
VESTE ROUPAS DE LOJAS POPULARES
A FAMÍLIA TEM UM TÚMULO DE CIMENTO CAIADO

VIOLÊNCIA


janeiro 2004

VIOLÊNCIA
VIOLAR
VIOLAÇÃO
MATAR UMA LÍNGUA
DESTRUIR UMA ARQUITETURA
DIZIMAR UMA ESPÉCIE

QUEBRA-CABEÇA


Março/2003

PARA APRENDER A LER
É PRECISO PEGAR O TEXTO
RISCAR O TEXTO
AMASSAR O TEXTO
RASGAR O TEXTO
PARA DEPOIS RECOMPÔ-LO

EU


1985 
ABANDONAR E PARTIR
RECOMEÇAR.
ABANDONAR E PARTIR
RECOMEÇAR.
ABANDONAR E PARTIR
RECOMEÇAR.

ESTA FOI A MINHA VIDA
ESTE FOI O MEU DESTINO
SINA CIGANA
ALMA DE SALTEADOR DE ESTRADAS

SEMPRE EM BUSCA DE UM MUNDO
MAIS AMPLO PARA VIVER. 

POEMA INSPIRADO NA VIDA DE ISADORA DUNCAN


INSTRUMENTO ALQUÍMICO

Março/82

Órgão Misterioso e Divino

Símbolo da Unidade e da Criação

Instrumento de Abertura e Claridade

Caminho da Iluminação

Ereto Forte e Nobre

Guardião da Vida Eterna

Vara condutora a Deus

Através do deserto do mundo

Frasco Sagrado

Que contém o elixir da longa vida

Alvorada do ser

Momento Claro Límpido Virginal

Majestoso Silêncio

Despertar! Renascer!

Disseca todos os sentidos

Para logo em seguida elevar-se além deles

Num instante de êxtase

No Sublime Momento do Orgasmo

Canal-Guia do Amor

Intercâmbio de Energias Vitais

Para elevação conjunta

E um desabrochar individual

Portador da Catarse

Relaxamento e Meditação

Que provoca a morte do ego

E o florescer da Santidade

Livro Aberto que contém

O segredo mais íntimo da vida

Tornar-se leve e Elevar-se

Fazer do Sólido Líquido

E do Líquido Gasoso

Através do Fogo

Milenar Sabedoria! 

quinta-feira, 21 de julho de 2011

DI-VE-RSI-D-ADE


Julho/2004

A DIVERSIDADE DO COSMO
A DIVERSIDADE DO UNIVERSO
A DIVERSIDADE DAS CIVILIZAÇÕES
A DIVERSIDADE DAS RAÇAS
A DIVERSIDADE DOS POVOS
A DIVERSIDADE DAS ETNIAS
A DIVERSIDADE DA COMUNIDADE
A DIVERSIDADE DENTRO DE NÓS MESMOS 

DES-VENDAR!

jan.1987


A CHAVE ESTÁ DENTRO DA GARRAFA
E A BOCA DA GARRAFA É ESTREITA
E A CHAVE É GRANDE.
É PRECISO QUEBRAR A GARRAFA
PARA CONSEGUIR A CHAVE
E PODER ABRIR AS PORTAS.
NÃO TENHA MEDO
QUEBRE A GARRAFA!
ABRA TODAS AS PORTAS
DES-VENDE!

POEMA INSPIRADO NO DESENHO DE MAURO CLARO
FOLHETIM (FOLHA DE SÃO PAULO) DE 23.01.87
NÚMERO 520 - "TRADUÇÃO"

EINMAL IST KEINMAL

Agosto/2001

SE EU TIVESSE FICADO
SE EU NÃO TIVESSE IDO
COMO TERIA SIDO?
QUE RUMO TERIA TOMADO
A MINHA VIDA?
SE EU NÃO TIVESSE FICADO
SE EU TIVESSE RETORNADO
COMO TERIA SIDO?
QUE RUMO TERIA TOMADO
A MINHA VIDA?

E SE DE NOVO
NO MOMENTO SEGUINTE DE PARTIR
EU NÃO TIVESSE PARTIDO

TIVESSE RESOLVIDO FICAR

COMO TERIA SIDO A MINHA VIDA?

TANTAS FORAM
AS DECISÕES DE PARTIR
QUE TANTAS PARTIDAS FORAM
E TUDO FICOU PARTIDO
QUE FICOU ASSIM PROVADO
QUE O TODO NÃO É
MAIOR QUE A PARTE
E QUE MUITAS VEZES
A PARTE É BEM MAIOR
DO QUE O TODO.

MOMENTO

Outubro/81

 Distraidamente olhei para o infinito
Sem nada desejar ver
E vi pairando no céu azul
Uma lua e uma estrela
Uma ternura imensa tomou conta de meu ser
Espalhando-se ondulatoriamente por todo o meu redor
Fazendo desabrochar a consciência.

E eu posso dizer que vi
Pairando no céu azul
Uma lua e uma estrela